quinta-feira

A Justiça VIII



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A JUSTIÇA
Em alvas praias ondas flutuam;
salgadas espumas acobertam as areias.
Na seiva do mundo, as marés se alternam e se mudam.
Acima de tudo, a lua, leve e faceira.
O Caduceu de Mercúrio é visto,
dentre o emaranhado de estrelas veneráveis;
em água e fogo esculpido,
em cores e tons inefáveis.
Ao meu redor em círculo
a serpente cósmica se enrola
tudo se processa em ciclos.
No chão, a cobra seu rabo devora.
Sob a linha a separar os vivos e os mortos,
um pêndulo a balançar lentamente.
Reitor de homens e povos,
dos povos antigos semente.
Sob os três degraus da criação
a uma donzela observo, humilde.
Em sua vista leio fatos que são e serão,
no peito o signo do infinito reside.
A sua frente, uma balança erguida;
vigia os três fortes dentro do homem.
A vejo os medir, com vara de anjo munida;
os arremete para que a senda do equilíbrio tomem.
De provas intensas sou alvo
para de minha alma se libertar cada entrave.
No castelo, muitos portões trancados.
Na paciência, encontro minha chave.
Dois mortos ressuscitam na beira da estrada;
por muitas eras escuras jaziam;
suas luzes por terra queimadas
quão alegres agora me gritam!
Urânia-Vênus a mim se abraça;
me convida a beber do vinho imortal.
Em seu colo um presente, uma espada;
em seus beijos da magia, o umbral.

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