sexta-feira

O Enforcado XII


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O ENFORCADO (O APOSTOLADO)

A terceira hora bate
dentre os vales de meu ser.
As portas do mistério se abrem;
chegou o tempo de nascer.

Que venha dor, pranto e miséria
a me atacar de lado a lado;
Que seja eu alvo de pilhérias
e de espinhos coroado.

Que seja vivo crucificado,
no monte alto que se estende além;
Que me torne injuriado e cuspido
sumido, aguardando a morte que vem.

Não devo, não posso
parar, ainda tenho muito
a subir e a baixar, ignotos 
subterrâneos revelar a fundo.

Com 12 armas protegido
dos terrores de além do dia
observo os signos fulgindo
no teto azul profundo acima.

Ah, as doze tribos de Israel
posso ver montanha abaixo;
Da salvação escorre o mel
sobre os justos assinalados.

Quanta dor, quanto martírio
encontro aqui em meu caminho!
Minha chave é dor, é sacrifício,
é trabalho após trabalho infindos.

Oh, bela adorada, alvo de meu amor
me dê conforto, alivia a dor das chagas
que necessito sofrer, em seu calor
me aninha, no meu sofrer me afaga.

A chama, a dor, suplício
quanto mais poderei suportar?
A dor que sinto é pelo vício
que muito amei, mas vou deixar...

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