terça-feira

O Julgamento XX


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A RESSURREIÇÃO

A décima primeira hora, é ela
que vem me despertar do caixão;
e voa minha alma agora aérea
às nuvens douradas, qual falcão.

Batizei meu espírito finalmente,
nas águas sagradas do Jordão
Nasci, sou novo, os astros vêm
Iluminar minha nova condição.

Meu corpo já não vejo, onde está?
Donde veio a brisa que perspassou
meus ossos, dissipou seu pó ao ar?
Eis que veio um cavalo amarelo
negro cavaleiro sentado ao corcel
em sua mão uma luz: que anelo
poderia eu querer, senão elíseo véu?

As três bestas de João, que venham!
Não mais temo seus olhos, suas mãos
repletas de sangue impuro, que queimam
à luz divina do astro do meu coração.

Em subterrâneo sepulcro jazi, paciente
no ventre da grande baleia esperei;
No leito de pedra o corpo, antes quente
antecipa a hora do retorno do rei.

Três luas passaram, é tempo
de boas-novas ao mundo espalhar;
Renasceu a carne dormente, assento
tomou por direito do céu no altar.

Sou vivo no mundo pelos mortos reinado
das mansões de Plutão sabedoria roubei
do ancião dos séculos me assento ao lado;
No sangue do dragão do abismo me banhei.

Vôo livre, já tomei o céu por assalto
com o leão da Neméia feroz digladiei
já da medusa os cabelos cortei, do lago
os gansos espantei, a hidra decapitei;
Que mais pois farei, senão ir ao alto?

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